terça-feira, 19 de março de 2013

UM CURRÍCULO DA LITERATURA


Quando penso na reformulação do currículo e como ele pode ser integrado de maneira interdisciplinar não posso deixar de pensar no semiologista francês Roland Barthes. Ao inaugurar a cadeira de Semiologia Literária Barthes apresentou sua aula magna. Nesta lição, Barthes apresenta sua visão da linguagem, reconhecendo nela um poder social através do autoritarismo da língua.
A língua, como desempenho de toda linguagem, não é nem reacionária, nem progressista; ela é simplesmente: fascista; pois o fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer. (p. 14)
De acordo com o semiologista a língua é um objeto de alienação, e será a literatura a grande porta para a libertação. O homem escapa pela linguagem literária utilizando a própria língua, sabotando-a. Essa trapaça, salutar, essa esquiva [...], eu a chamo, quanto a mim: literatura. (id., ib., p. 16)
A linguagem artística adquire um poder renovador, as ambiguidades e os múltiplos significados conferem um novo sentido ao texto, longe da opressão da língua facultando à literatura o direito um importante aliado para a transformação social.
Assim, pela importância que a literatura exerce no meio social, indago-me em como essa disciplina cuja linguagem é libertadora não poderia servir de base para a integração com as demais disciplinas. 
Fica a pergunta de como realizar esta tarefa sem esvaziar a dimensão crítica do ensino proposta pelas pedagogias libertárias.
(Muna Omran)